Patrão é esfaqueado por funcionário durante confraternização e morre no interior de MG


Vítima chegou a ser levada para o Pronto Atendimento de Cláudio, no Centro-Oeste do estado, mas não resistiu aos ferimentos. Faca utilizada no crime foi apreendida
Polícia Militar/Divulgação
Um homem de 37 anos morreu após ser esfaqueado por um funcionário de 36 anos durante uma confraternização em Cláudio, no Centro-Oeste de Minas Gerais, na madrugada deste sábado (21).
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Segundo a Polícia Militar (PM), houve um desentendimento durante a confraternização. Em determinado momento, o patrão foi atingido por três golpes de faca. Ele chegou a ser levado para o Pronto Atendimento Municipal, mas não resistiu aos ferimentos.
Os militares fizeram rastreamentos e encontraram o funcionário da vítima. A faca utilizada no crime foi apreendida.
A perícia técnica da Polícia Civil foi acionada e realizou os trabalhos de praxe.
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Verão começa neste sábado (21); estação será chuvosa e com tempo instável em MT


O Instituto Nacional de Meteorologia emitiu um alerta amarelo para possibilidade de chuvas intensas e ventos fortes em todo o estado. Calor, sol, temperatura, Cuiabá
Kessillen Lopes/G1
O verão, última estação do ano, começou às 6h20, horário de Brasília, deste sábado (21) e segue até às 6h02 do dia 20 de março de 2025. Segundo os meteorologistas, os próximos três meses serão marcados por chuvas e tempo instável em Mato Grosso.
☀️Caracterizado pela elevação da temperatura em todo o país, no verão os dias se tornam mais longos do que as noites e as mudanças rápidas nas condições do tempo são comuns.
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A projeção aponta para um verão mais chuvoso em boa parte do Centro-Oeste, além da formação frequente de corredores de umidade entre o Norte, Centro-Oeste e Sudeste, contribuindo para a instabilidade no clima — há possibilidade da formação de Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) ao longo do verão.
Neste sábado (21), o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um alerta para possibilidade de chuvas intensas e ventos fortes para todo o estado de Mato Grosso.
No sábado, há risco de temporais na divisa com Goiás entre o nordeste e sudeste do estado, também nas regiões norte e sudoeste. Há risco de chuva forte e volumosa, com granizo e ventos de 70 km/h. A maior intensidade de chuva vem à tarde no sábado e também no domingo. Cuiabá pode registrar 17mm no sábado e 25mm no domingo.
Segundo o alerta, as 142 cidades do estado devem ser impactadas pela chuva e foram classificadas no grau de risco amarelo (perigo potencial). Veja:
🟡 Amarelo: perigo potencial
🟠 Laranja: perigo
🔴 Vermelho: grande perigo
Há condições para temporais, raios, rajadas de vento e até granizo nas cidades da região. Existe ainda risco de corte de energia elétrica, queda de árvores, alagamentos e descargas elétricas.
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Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS)
A Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) se caracteriza por uma extensa faixa de nuvens que normalmente vai do Norte ao Sudeste. O sistema é responsável por manter o tempo instável nessas regiões, gerando acumulados consideráveis de chuva.
➡️De acordo com o Inmet, o sistema deve ser o principal responsável pelas chuvas esperadas para o Sudeste e para o Centro-Oeste.
A temperatura da superfície do Atlântico Sul deve favorecer o avanço de frente frias pela costa do Sul e do Sudeste. Isso também deve ajudar a canalizar o ar úmido do Norte para o Centro-oeste e para o Sudeste.

VÍDEO: Carro bate em poste, capota em um barranco e deixa dois feridos em Juiz de Fora

Acidente aconteceu de madrugada no bairro São Pedro. Vítimas foram encaminhadas para o HPS inconscientes e com dificuldades para respirar. Carro bate em poste, capota em um barranco e deixa dois feridos em Juiz de Fora
Um motorista de aproximadamente 25 anos bateu o carro que dirigia em um poste na Avenida Presidente Costa e Silva, no Bairro São Pedro, em Juiz de Fora. Com o impacto da batida, o veículo capotou em um barranco de aproximadamente três metros e foi parar em uma área de mata.
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Segundo informações do Corpo de Bombeiros, o acidente aconteceu por volta das 4h deste sábado (21). Quando os militares chegaram no local, o motorista estava fora do veículo e inconsciente, sendo atendido pela equipe do Samu.
O passageiro, de 20 anos, também estava inconsciente e com dificuldades de respiração. Os dois foram socorridos e levados para o HPS.
O g1 entrou em contato com a Cemig para saber se com a batida no poste, a região ficou sem energia elétrica e aguarda retorno.
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Doméstica que vivia há quase 30 anos sem salário e férias, sem quarto para dormir e com poucos itens pessoais é resgatada em MG

Trabalhadora prestava serviços para uma família que reside no Centro de Além Paraíba. Vínculo, considerado situação análoga à escravidão, começou em 1996 e foi descoberto pelo Ministério Público do Trabalho e da Polícia Federal na última semana. Uma trabalhadora doméstica, que vivia há 28 anos em situação análoga à escravidão, foi resgatada na residência de uma família que mora no Centro de Além Paraíba, na Zona da Mata mineira.
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Ela foi localizada por auditoras da Gerência Regional do Trabalho de Juiz de Fora, acompanhadas de dois auditores da Gerência Regional de Conselheiro Lafaiete na última semana. A ação contou também com a participação do Ministério Público do Trabalho e da Polícia Federal.
Segundo a fiscalização, ela exercia, desde 1996, a função de empregada doméstica, sem recebimento de salários, férias e 13º salário. Em 2009, chegou a ter a carteira assinada, mas continuou sem receber benefícios e só teve cerca de três anos de recolhimentos ao INSS.
Além disso, foi falsamente dispensada em 2015, pouco antes da entrada em vigor da Lei das Domésticas, que trouxe mais direitos às trabalhadoras, inclusive o FGTS.
Roupas, produtos de higiene, cobertor e espelho
A auditora-fiscal do trabalho, Maurista Sartori, informou que, entre 2015 e maio deste ano, a doméstica ficou sem registro e sem recolhimento previdenciário:
“A trabalhadora era obrigada a dormir no mesmo quarto que o empregador, e, em maio deste ano, foi registrada como cuidadora de idosos. Todos os seus bens após quase três décadas de trabalho se resumiam a poucas roupas simples, produtos de higiene, um cobertor e um espelho”.
Também foi verificado que a mulher não tinha quarto próprio para dormir e, nos últimos três meses, acumulava as tarefas da casa com a obrigação de cuidar de um dos patrões que estava enfermo, especialmente à noite.
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Os auditores determinaram o encerramento imediato do contrato, a regularização do registro da empregada e o pagamento dos direitos subtraídos desde o início do trabalho.
O Ministério Público do Trabalho também chegou a um acordo com os empregadores para que fosse paga uma indenização à mulher. Foram registrados 12 autos de infração e os empregadores foram notificados para recolher o FGTS devido à trabalhadora.
O valor total dos benefícios que ela tem a receber não foi informado. Depois da ação, a mulher foi acolhida por parentes na cidade de Leopoldina.
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Brasileiro cria spray que economiza água da descarga do ‘xixi’ e conquista prêmios internacionais


Segundo Ezequiel Vedana da Rosa, 7 bilhões de pessoas acionam a descarga todos os dias sem pensar no desperdício de água que esse ato representa. Segundo o empreendedor, 7 bilhões de pessoas acionam a descarga todos os dias
gpointstudio/Freepik
O empreendedor brasileiro Ezequiel Vedana da Rosa, criador do produto inovador “Piipee”, foi um dos 13 vencedores do programa internacional “Líderes do Futuro”, promovido este ano pela Fundação Príncipe Albert II de Mônaco.
Em entrevista à RFI, Ezequiel compartilhou sua trajetória e destacou como sua invenção, um spray que substitui a descarga do vaso sanitário, pode economizar milhões de litros de água potável e conscientizar sobre a importância de preservar recursos hídricos.
A ideia do “Piipee” surgiu como um insight. Em 2010, o empreendedor brasileiro, hoje com 36 anos, acordou se perguntando “por que gastamos tanta água para eliminar urina no vaso sanitário?”. Ele lembra que cada pessoa gasta em média de 8 a 12 litros por descarga. No Brasil, isso representa cerca de 40 litros por dia e por pessoa. Ezequiel Vedana da Rosa, que não é químico de formação, levou cinco anos e meio de pesquisa e desenvolvimento para transformar essa ideia em produto e lançar sua startup. A comercialização começou em 2015.
O “Piipee” funciona como uma alternativa à descarga do “xixi”, responsável por 80% do consumo de água nos vasos sanitários. Segundo Ezequiel, o spray neutraliza os componentes da urina, composta de 95% de água e 5% de sais e minerais, entre eles a ureia. Ele garante que o produto não faz mal à saúde nem ao meio ambiente.
“É como trazer uma estação de tratamento para dentro do sanitário da sua casa”, disse, destacando que, além de economizar água, a inovação higieniza, altera a coloração e perfuma. Concretamente, o usuário pulverizaria o vaso a cada ida ao banheiro. Mas, como o nome indica, o spray só substitui a descarga do “xixi”.
O “Piipee” funciona como uma alternativa à descarga do “xixi”
Reprodução
Sustentabilidade
Ezequiel, claro, visa vender seu produto, mas seu foco também é a sustentabilidade, tentando influenciar hábitos para proteger um recurso que é finito e que cujo acesso está cada vez mais difícil.
Atualmente, os principais clientes do Piipee são grandes empresas e indústrias, que conseguem reduzir em até 40% os custos mensais com água. O produto também é adotado por particulares que, em alguns casos, reduzem pela metade suas contas. “Não é só economia financeira; é um processo de reeducação sobre nosso impacto no planeta”, diz.
Um dos principais desafios para a aceitação do Piipee é cultural. O hábito de acionar a descarga está fortemente associado à higiene e à saúde pública. “Independentemente da cultura, as pessoas não refletem sobre esse ato diário”. Em todo o mundo, ele indica que “7 bilhões de pessoas acionam a descarga todos os dias” sem pensar no desperdício de água que esse ato representa.
Ezequiel Vedana ressalta que temos “a falsa sensação” de que só porque acionamos a descarga, limpamos o vaso sanitário. “A gente toma banho, lava nossas roupas, nossas louças, só com água?”, questiona.
Crises hídricas
Cenários de crise hídrica, como o que está previsto em Barcelona novamente em 2025, “ajudam a quebrar essas barreiras e abrir portas para soluções como a nossa”, afirmou. Diante do racionamento de água inevitável, sem água para fazer comida, para tomar banho, para limpar pelo menos uma vez por semana a casa, a população veria a inovação como uma boa alternativa, defende o empresário.
Apesar de o Brasil possuir grande disponibilidade de água, Ezequiel alerta para os riscos das mudanças climáticas. Ele mencionou as secas históricas recentes na Amazônia como um indicativo de que situações semelhantes se repetirão.
“A temperatura global está subindo além do esperado, e muitas metas para 2030 não serão alcançadas. Precisamos criar métodos que prolonguem nossa sobrevivência no planeta”, destacou.
O reconhecimento internacional não é novidade para o empreendedor. Além do prêmio da Fundação Príncipe Albert II de Mônaco, o Piipee já recebeu mais de 35 premiações, incluindo um selo da ONU como uma das soluções mais inovadoras para combater as mudanças climáticas até 2030. Para ele, esses prêmios são essenciais para legitimar a proposta. “Não é só um maluco do Brasil com uma ideia mirabolante. Quando organizações como a ONU e prefeituras de grandes cidades apoiam, isso valida nosso trabalho.”
Atualmente, Ezequiel busca expandir a atuação do Piipee na Europa, e principalmente na França, onde reside atualmente a convite da Prefeitura de Paris. Para ele, a consciência ambiental e os desafios hídricos são mais evidentes no velho continente. Ele concluiu a entrevista reafirmando que sua inovação busca não apenas revolucionar a gestão de águas residuais, mas também promover um debate urgente sobre o uso consciente dos recursos naturais e a preservação do planeta.
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Pelo menos 30 mil trabalhadores de 730 estabelecimentos fazem ‘escala 10×1’ em Porto Alegre, diz sindicato; entenda


Na prática, a escala 10×1 respeita a determinação de que o empregado deve ter pelo menos uma folga semanal, pois acontece quando o empregado tem folgas em dias diferentes em semanas seguidas. Carteira de Trabalho.
Reprodução/Internet
Acordos coletivos que permitem até 10 dias de trabalho para um dia de folga, a chamada “escala 10×1”, para trabalhadores do comércio em Porto Alegre não deverão ser renovados para 2025, segundo o Sindicato dos Empregados do Comércio da capital (Sindec).
Na prática, a escala 10×1 respeita a determinação de que o empregado deve ter pelo menos uma folga semanal, pois acontece quando o empregado tem folgas em dias diferentes em semanas seguidas (por exemplo, folga na segunda-feira de uma semana e na sexta-feira da semana seguinte). Entenda melhor abaixo.
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De acordo com o sindicato, 730 acordos permitem a escala 10×1 atualmente na cidade. São abrangidos neste acordo entre 30 mil e 35 mil trabalhadores, que atuam em shoppings, lojas, supermercados e farmácias, entre outros.
“Suspendemos a assinatura do acordo para 2025, que seria feita em 31 de dezembro, e propusemos uma reunião antes dessa data, para discutir a redução da jornada no biênio 2025/2026. Está suspenso até os patrões dizerem quando a gente vai se reunir”, diz o presidente do Sindec, Nilton Neco.
O advogado Flávio Obino Filho, que conduz as negociações representando as empresas, diz que as entidades patronais devem marcar a reunião para março de 2025. Segundo ele, no entanto, a reivindicação deve gerar impasse inclusive entre funcionários: “Domingo é o segundo dia com mais vendas no comércio, e temos a questão das comissões para funcionários. Em datas importantes, tirar funcionários da escala de sexta, sábado ou domingo pode acabar sendo uma punição”, avalia.
Como funciona a “escala 10×1”?
A lei estabelece que todo trabalhador deve ter pelo menos um dia de folga em algum dos sete dias da semana. Essa é a chamada “escala 6×1”. Para setores em que há expediente no sábado e no domingo, essa folga muitas vezes precisa ser deslocada para um “dia útil” da semana.
Essa troca pode levar a situações em que o empregado trabalha até 13 dias seguidos (por exemplo, de um domingo até o sábado da semana seguinte). Porém, um acordo já estabelecido em Porto Alegre determina que o máximo de dias seguidos seja 10. Além disso, por lei, não é permitido que o empregado trabalhe dois domingos seguidos.
Sendo assim, normalmente após uma sequência de 10 dias trabalhados, o empregado necessariamente irá folgar em um domingo – fazendo com que a sequência seguinte de dias trabalhados seja de menos de 10 dias.
Legislação
Atualmente, a Constituição estabelece que a jornada de trabalho normal:
✏️não pode ser superior a 8 horas diárias;
✏️não pode superar 44 horas semanais;
✏️poderá ser estendida por até 2 horas.
🔎A CLT determina que os empregados não podem exceder 8 horas diárias de trabalho e permite que a jornada seja estendida por até 2 horas por dia. Diz, ainda, que todo trabalhador tem direito a um descanso semanal de 24 horas consecutivas, que deve coincidir com o domingo.
Tanto a Constituição quanto a CLT não fazem menção a modelos específicos de escalas de trabalho. Não há, portanto, restrição ou definição explícita das modalidades.
Escala 6×1
Uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que reduz a jornada máxima de trabalho de 44 para 36 horas semanais recebeu o número necessário de assinaturas para ser protocolada na Câmara dos Deputados.
O tema ganhou destaque nas redes sociais nos últimos dias e tem dois objetivos principais:
acabar com a possibilidade de escalas de 6 dias de trabalho e 1 de descanso, chamada de 6×1;
alterar a escala de trabalho para um modelo em que o trabalhador teria três dias de folga, incluindo o fim de semana.
Em nota, o Ministério do Trabalho afirmou que tem “acompanhado de perto o debate” e que a redução da jornada é “plenamente possível e saudável”, mas a questão deveria ser tratada em convenção e acordos coletivos entre empresas e empregados.
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Cafezinho em risco: como sombra de árvores ajuda planta a lidar com o planeta mais quente


Na série ‘PF: prato do futuro’, g1 vai a Minas Gerais e São Paulo para mostrar como a técnica combate o calor e ainda deixa o café mais doce. Cafezinho em risco: como sombra de árvores pode ser solução para aumento da temperatura
Quem nunca, no meio de um dia escaldante, achou uma boa ideia tomar um cafezinho? Mas a bebida favorita do brasileiro está ameaçada justamente pelas altas temperaturas.
☕O Brasil é o maior produtor de café do mundo, com cerca de 80% da sua área focada na espécie arábica, que também é a mais sensível ao calorão.
Essa variedade precisa de um ambiente entre 18°C e 22°C. Só que, na safra atual, agricultores contam que teve dias em que o calor na lavoura chegou a bater 40°C. Isso faz o café abortar os frutos e atrai pragas e doenças. Além de deixar o produto mais caro.
Mas, calma: já tem gente trabalhando para salvar o seu cafezinho. Muitos produtores decidiram retornar às origens dessa cultura: plantar o café sob a sombra das árvores.
Como calor e seca afetam alimentos e deixam café mais caro
O g1 visitou três propriedades em Minas Gerais e São Paulo que usam essa técnica. Confira no vídeo acima.
➡️ Este é o segundo episódio da série “PF: prato do futuro”, onde o g1 mostra soluções para desafios da produção de alimentos no Brasil.
Vantagens e desafios de sombrear o café
Existem duas formas de sombrear o café:
🌳as agroflorestas, em que o agricultor planta árvores de diversas espécies, juntamente ao café. Com isso, ele consegue ter mais de uma renda. Essa técnica é usada pelo casal de cafeicultores Pedro Berengani e Cristiane Ferreira, em Cerqueira César (SP).
🌳a agricultura regenerativa, em que os produtores podem aplicar diferentes métodos para recuperar a sustentabilidade da lavoura, sendo que uma delas é o plantio de árvores. É isso que fazem Francisco Sergio Lange, em Divinolândia (SP), e Guilherme Foresti, em Três Corações (MG).
Além de refrescar os pés de café, essas técnicas ainda deixam o café mais doce, porque prolongam o período de desenvolvimento do fruto.
Por outro lado, são sistemas caros e mais difíceis de serem aplicados do que o plantio a pleno sol, que é o mais popular. E podem gerar uma produtividade menor nos primeiros anos.
Mesmo assim, os cafeicultores ouvidos pelo g1 defendem seu uso. “As mudanças climáticas já são uma realidade, não adianta querer lutar com elas sem estar preparado, que a gente não vai ganhar. Nós temos que começar a pensar na sobrevivência”, resume Sergio Lange. 

Pleno sol x sombreado
Plantar árvores na lavoura nada mais é do que fazer com que o café volte às suas origens. Isso porque ele é originário da Etiópia, de áreas de sub-bosque, ou seja, sombreadas.
É o café continuou sendo plantado assim na Colômbia, terceiro maior produtor do fruto. Mas o Brasil, atual líder mundial, não adotou o modelo.
No país, foi aplicado o manejo a pleno sol, que é a lavoura apenas com os pés de café, explica Cesar Botelho, pesquisador especializado em melhoramento genético da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig).
Isso porque, na época em que o cultivo começou no Brasil, o calor não era tão intenso, por isso a temperatura não chegava a prejudicar o café. Era o oposto: ela aumentava a produtividade.
“Quando tem sol na temperatura certa e não tem sombra, a planta acaba fazendo mais sistemas internos, mais a fotossíntese e aí ela acaba florescendo mais, então a produção aumenta. Além de tudo, você passa a ter mais plantas por área”, explica a engenheira agrônoma Priscila Coltri, do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri).
Lavoura de café a pleno sol em Divinolândia (SP)
Stephanie Rodrigues/g1
Mas, desde a década de 70, cientistas já buscavam reproduzir variedades que fossem mais resistentes ao calor, lembra Botelho.
Agora, em meio às mudanças climáticas, replantar árvores nas lavouras se tornou uma estratégia para a sobrevivência dos cafeicultores.
“Por conta do clima, teve uma quebra de safra (produção menor) neste ano, porque os grãos não se desenvolveram tanto. Mas a gente sabe que os produtores que aplicam algumas das técnicas regenerativas sofreram menos com o calor e com a seca”, diz Tatiana Nakamura, especialista em café na Nespresso Brasil.
A empresa compra café plantado no sistema de agricultura regenerativa em uma fazendas visitadas na reportagem, a de Guilherme Foresti, em Três Corações (MG).
Não é só sair plantando árvore
No estudo de Priscila Coltri, da Cepagri, sobre o sombreamento do café, foi constatado que o ideal é ter 30% da lavoura preenchida com árvores.
Caso o manejo sombreado seja feito erroneamente, por exemplo, plantando árvores em excesso ou sem realizar a poda, as plantas podem competir com o cafezal por luz, água e nutrientes, acarretando uma queda na produtividade.
Produtores de café recorrem às agroflorestas para proteger produto do calor extremo
Reprodução
Essa perda acontece nos primeiros anos de instalação do sistema. No longo prazo, o sombreamento vai fazer com que o cafeeiro tenha folhas maiores, aumentando a área que terá contato com o sol para a fotossíntese.
Com isso, o tempo de maturação do fruto é maior, ou seja, a planta produzirá grãos grandes e com mais açúcares, elevando a qualidade da bebida e retomando a produtividade.
Dependendo do sistema escolhido, pode demorar até dez anos para isso acontecer.
O sombreamento é semelhante ao preparo de um alimento que cozinha em fogo baixo, compara Nakamura, da Nespresso. “(É como) Uma carne de panela. Então, você fica muito tempo cozinhando até chegar ao ponto”, exemplifica.

E qual árvore plantar?
Para otimizar o cultivo, os cafeicultores estão optando por árvores que podem ter múltiplas funções na lavoura. Por exemplo, espécies que atraiam inimigos naturais de pragas que atacam o café, além de árvores que adubam o solo quando as folhas caem e geram uma renda extra para o agricultor.
“Isso vai impactar diretamente a nossa produção, porque, tendo um ambiente que é capaz de criar esses mecanismos de controle biológico natural (contra doenças), a gente vai ter que usar menos defensivo”, explica Pedro Berengani, produtor de café de agrofloresta em Cerqueira César (SP).

O que são agroflorestas
Uma das formas de aplicar o sombreamento é por meio das agroflorestas. Nelas, os agricultores podem cultivar uma variedade de espécies em volta do café, aproveitando para diversificar a renda.
Pedro Berengani, de Cerqueira César (SP), tem a própria marca de café e ainda consegue uma segunda fonte de renda com a fabricação de móveis artesanais, a partir de árvores extraídas, como o louro-pardo.
Já as árvores frutíferas da propriedade dele não são voltadas para o comércio. “Se tudo que a gente plantar tiver que ser em nível comercial, aí é muita coisa, é muito trabalho para o produtor”, justifica.
“A agrofloresta é muito benéfica para a natureza, para o ser humano, mas é preciso a gente tirar a romantização, porque ela é muito trabalhosa”, afirma Cristiane Ferreira, responsável pela fazenda junto com Berengani.
Para implementar uma agrofloresta, os produtores precisam se atentar, principalmente, a duas questões:
de qual forma será feita a colheita? Apesar de a colheita manual do café ser mais comum, é possível ter a mecanização também na agrofloresta, plantando as árvores com maior distanciamento entre os corredores de café, afirma Berengani;
qual será o tamanho do investimento? As agroflorestas exigem um alto custo inicial. A média é entre R$ 30 mil e R$ 40 mil por hectare, sendo que, em uma monocultura, o valor é entre R$ 20 mil e R$ 30 mil. O retorno pode levar até 10 anos, explica Ferreira.
O preço elevado se dá por causa das especializações técnicas necessárias e pelo custo da diversidade de espécies que devem ser plantadas.
Para Berengani e Ferreira, o custo compensou em meio às ondas de calor que atingiram a região onde fica o sítio do casal, em Cerqueira César (SP) , no primeiro semestre de 2024.
“A nossa lavoura ainda passou um pouco mais tranquila na comparação com quem não tem sombreamento, cobertura de solo e tem lavoura de monocultura. Mas não foi porque a gente tem agrofloresta que a gente deixou de sentir”, afirma o produtor.
Agrofloresta no Sitio Berelu, de Pedro Berengani e Cristiane Ferreira em Cerqueira César (SP)
Stephanie Rodrigues/g1
O que é a agricultura regenerativa
Outra técnica de sombreamento é a agricultura regenerativa, que vem se tornando cada vez mais popular entre os produtores.
Esse sistema pode ter uma menor variedade de árvores do que a agrofloresta. E nem toda produção que é considerada regenerativa trabalha com o sombreamento.
Lavoura de café regenerativo na Fazenda do Lobo, de Guilherme Foresti, em Três Corações (MG)
Stephanie Rodrigues/g1
Por exemplo, o produtor Guilherme Foresti, de Três Corações (MG), que fornece café para a Nespresso, aplica diferentes técnicas em cada área da sua propriedade. Em alguns pontos, tem café sombreado. Em outros, planta a pleno sol, mas com cobertura de solo.
O sistema regenerativo ainda não possui um conceito fechado. As técnicas abaixo costumam ser adotadas pelos produtores.
Por ser uma técnica com várias possibilidades diferentes de implementação, não é possível estipular quanto o produtor gastaria para começar com a agricultura regenerativa.
O real objetivo desse tipo de manejo é recuperar os ecossistemas de plantios que antes eram a pleno sol.
“Os produtores têm medo de entrar nesse processo e não ter o resultado que eles têm no (plantio) convencional. No começo, é isso mesmo, não vai ter, porque está mudando todo o sistema”, reconhece Sergio Lange, que adota a agricultura regenerativa para produzir café para exportação em Divinolândia (SP).
“Aí é onde entra, no caso do pequeno produtor, a organização dele no campo, que são as associações, cooperativas, que começam a trabalhar isso, que é lento”, explica.
Apesar da queda de produtividade no começo, ela tende a aumentar com o tempo. E também é possível ter menos gastos com agrotóxicos e fertilizantes.
O uso de herbicidas, por exemplo, seria entre 30% e 40% menor nesse sistema, estima a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Para Lange, o grande legado da agricultura regenerativa é ensinar ao produtor a ter consciência ambiental.
Quando tudo está pronto, vem a fase de conservadorismo, ou seja, é preciso apenas realizar manutenções.

Sérgio Lange, Cofundador Associação dos Cafeicultores de Montanha de Divinolândia (Aprod), abraça cafeeiro ao lado de árvore batizada com o nome da pesquisadora Madelaine Venzon.
Stephanie Rodrigues / g1
Veja fotos de lavouras que usam a agricultura regenerativa
Créditos deste episódio da série ‘PF: prato do futuro’
Coordenação editorial: Luciana de Oliveira
Edição e finalização de vídeos: Stephanie Rodrigues
Narração: Stephanie Rodrigues
Reportagem: Vivian Souza
Produção: Vivian Souza
Roteiro: Vivian Souza e Stephanie Rodrigues
Coordenação de vídeo: Tatiana Caldas e Mariana Mendicelli
Coordenação de arte: Guilherme Gomes
Direção de arte e ilustrações: Luisa Rivas e Verônica Medeiros
Fotografia: Stephanie Rodrigues e Gustavo Waderley
Motion Design: Veronica Medeiros
Ilustrações: Bruna Rocha, Maria Laura Silva, Luisa Rivas e Thalita Santos

Como calor e seca afetam alimentos e já deixam o café mais caro


Produtores sofrem após meses sem chuva, temperaturas mais altas e mais pragas e doenças. Com aquecimento global, colheitas podem se tornar menores nos principais estados. Calor deixa o café ‘estressado’, pode derrubar a produção brasileira e encarecer a bebida
Pragas e doenças fora de controle, meses sem chuva e lavouras inteiras sendo perdidas: essa é a nova realidade dos cafeicultores brasileiros em meio ao aumento da temperatura global e das ondas de calor.
“É uma condição muito severa mesmo, como a gente nunca viveu em anos anteriores”, relata o cafeicultor Pedro Berengani, de Cerqueira César (SP).
A série “PF: prato do futuro” mostrou como ele e outros produtores tentam amenizar esses efeitos recorrendo à técnica de plantar café sob a sombra de árvores, em vez de a pleno sol.
⚠️ O café, assim como a laranja, está entre os alimentos que correm mais risco com o planeta ficando mais quente. Isso porque eles são uma agricultura perene, como se chama a categoria dos cultivos em que só é preciso plantar uma vez e a árvore dará frutos todos os anos.
Como sombra de árvores ajuda planta a lidar com o planeta mais quente
O momento mais crítico para essas culturas é o da florada, que, no caso do café, costuma acontecer entre setembro e novembro.
Nessa época, o calor e a seca podem acabar causando o aborto floral, que é quando as flores não geram os frutos.
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2024 é o ano mais quente já visto na Terra
Comparada com os níveis pré-industriais, a temperatura do planeta já subiu cerca de 1°C, segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da Organização das Nações Unidas (ONU).
A previsão é de que, entre 2030 e 2050, o aquecimento será de mais 1,5°C. Parece, pouco, mas não é. Para o café arábica, o mais produzido no Brasil, que aguenta uma temperatura entre 18°C e 22°C, o impacto pode ser devastador.
Além dos níveis de temperatura, outro efeito é que os dias em que o calor supera os 35°C se tornaram mais frequentes.
“Não foi só um mês, não é isolado. Foram vários meses, pelo menos 34 meses consecutivos com temperaturas muito acima do normal, junto com seca”, disse Ana Paula Cunha, especialista no monitoramento de secas do Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden), em entrevista ao g1 em junho deste ano.
Em agosto, o órgão confirmou que o Brasil enfrentava a maior seca já vista na sua história recente.
Com este cenário, a tendência é de cada vez mais dificuldades para se manter uma boa produção do café e que estados tradicionais no cultivo, como São Paulo e Minas Gerais, percam área de plantio.
Os impactos já estão aparecendo. No início da atual safra, a expectativa era de um novo crescimento na colheita. Mas as estiagens, juntamente com altas temperaturas durante as fases de desenvolvimento dos frutos, reduziram a produtividade nacional em 1,9% na comparação com 2023, aponta a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
E as consequências vão além do café, considerando a importância do Brasil no setor, que gera empregos, influencia a economia e dá oportunidades para pequenas empresas.
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Como o café é afetado pelo aumento de temperatura
Risco de perda de protagonismo
Vai ter café para todo mundo?
Como o café é afetado pelo aumento de temperatura
Com o aumento das temperaturas, parte da flora do planeta deve desaparecer das suas áreas tradicionais, aponta o relatório do IPCC.
No caso do cafeeiro, o calor elevado causa queda nas folhas e, deste modo, diminui a fotossíntese da planta. Esse processo, conhecido como estresse térmico, induz uma perda acelerada de água, explica o pesquisador Carlos Henrique, da Embrapa Café.
“Uma vez que o cafezal não tem folha o suficiente, ele não faz fotossíntese, então ele não consegue, para a próxima colheita, ter produtividade para ter novos frutos e uma quantidade melhor de grão”, explica Tatiana Nakamura, especialista em café na Nespresso Brasil.
“Você pode ter o grão também com uma de dificuldade para dar a bebida como ele sempre deu. Então, não necessariamente você vai perder só em quantidade. É possível que as condições do clima oscilaram de tal forma que você perde a qualidade”, explica Priscila Coltri, pesquisadora do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri).
A planta também fica mais suscetível a doenças e o clima é propício para o desenvolvimento pragas, relata a professora Ana Ávila, que também é do Cepagri. Um dos predadores que se desenvolvem no calor é o bicho mineiro, que se instala na folha e causa a sua queda.
Risco de perda de protagonismo
O Brasil é o principal produtor de café do mundo, sendo que apenas Minas Gerais representa mais da metade do total nacional, com uma colheita de mais de 1,7 milhão de toneladas em 2023, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O café arábica corresponde a 80% da área total de café plantado no país, aponta a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
No mundo, 58% da produção é do arábica, segundo estudo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em 2019.
O Sudeste do Brasil tem grande potencial cafeeiro por, em um quadro normal, ter estações bem demarcadas, por exemplo, as chuvas concentradas no verão e o inverno mais seco, explica Ávila.
A pesquisa de Fernando Assad, da FGV Agro, de 2004, mostrou que, conforme a temperatura aumenta, as áreas aptas para o cultivo diminuem.
Veja abaixo as projeções que foram feitas para Minas Gerais:
Alta de 1°C: mesmo que aconteça um acréscimo nas chuvas de 15%, as áreas impróprias ao plantio do café em Minas Gerais se elevariam em 20%, representando 43% da área total do estado;
Alta de 3°C: áreas com risco de geada praticamente desaparecem e o total de terras consideradas impróprias sobe para 76,3% do estado;
Alta de 5,8°C: a cultura passa a ser possível em apenas 2,6% do Estado, e concentrada em alguns municípios do Sul, nas regiões montanhosas e de difícil manejo.
Pesquisa aponta que Minas Gerais pode ficar com apenas 2,6% de sua área apta ao café se temperatura subir 5,8°C.
Otavio Camargo / arte g1
A pesquisa também fez projeções para São Paulo, onde, quase 80% do estado é apto ao plantio de café atualmente:
Alta de 1°C: em 41% do território seria impossível plantar o grão.
Alta de 3°C: a área imprópria pode subir para 69,6% do estado.
Alta de 5,8°C: em 96,6% não seria possível plantar café, ficando restrito às regiões montanhosas.
Pesquisa aponta que São Paulo poderia ficar com até 96,6% de sua área inapta ao plantio de café por causa das altas temperaturas.
Otavio Camargo / arte g1
Em São Paulo, áreas que antes sofriam com geadas, hoje já precisam lidar com fortes ondas de calor.
Foi o que aconteceu em Cerqueira César. O produtor rural Pedro Berengan relata que, na década de 70, muitos cafeicultores abandonaram a região ou migraram para culturas como soja e milho, devido ao episódio que ficou conhecido como “geada negra”.
Na atualidade, Berengan já teve que suspender a irrigação da sua lavoura por causa da seca na represa Jurumirim.
“Porque você pensa: 10 dias fazendo 40° C, os outros 30 dias fazendo 35°C e 42 dias sem chuva, sem uma gota d’água. Então é uma condição muito extrema”, diz.
Em paralelo, estados do Sul do país poderiam aumentar seu potencial cafeeiro, justamente por perderem o alto risco de geadas. Por exemplo, a pesquisa apontou que, com o aquecimento de 1°C, o Paraná ainda teria quase 90% da sua área apta ao café.
Contudo, ao aumentar ainda mais a temperatura, também é observada uma queda no potencial, que pode se restringir em torno de 40% da área do estado, no cenário de alta de 5,8°C.
Pesquisa aponta que plantio de café no Paraná poderia ser beneficiado pelo aumento de temperatura.
Otavio Camargo / arte g1
Além do Paraná, o Rio Grande do Sul, Santa Catarina, o Uruguai e a Argentina também possuem cenários onde poderiam ser beneficiados por esse aquecimento.
Contudo, essas migrações ainda não são uma realidade. Isso porque os agricultores desses estados ainda preferem o plantio de soja e milho, aponta Assad.
“Mas eu continuo insistindo: se quiser manter a produção de café, nós temos que buscar áreas com temperaturas mais amenas. Ou seja, o café tem que subir a montanha, para pegar a temperatura mais baixa, e tem que ir para o Sul do Brasil. Se não, não vai dar. Ele não aguenta. Ele realmente não aguenta”, afirma.
Contudo, “subir a montanha” não é garantia de manter a produção, uma vez que muitas áreas são preservadas e não podem ser desmatadas, aponta Ana Ávila, do Cepagri.
Vai ter café para todo mundo?
Mais de 9 milhões de toneladas de café são consumidas por ano, aponta o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (FDA).
Em 20 anos, esse número cresceu mais de 50% e deve continuar subindo, principalmente considerando que a população mundial pode aumentar em 9,9 bilhões de pessoas até 2054.
Com mais gente bebendo café e menos área para produzir o grão, a expectativa é de que, no futuro, o preço do alimento encareça, limitando o acesso à bebida.
Uma das razões para isso é que, com o clima causando mais prejuízos, menos produtores vão se interessar pelo plantio do fruto.
“Você começa a perder mais do que ganhar. Então, o que que acontece? Você produz menos. […] A questão toda é você diminuir a quantidade produzida e a qualidade da produção, aí você acaba expondo uma quantidade maior de pessoas a uma falta de alimentos e aumenta o preço”, explica Avíla.
A qualidade do café também deve cair.
“O que influencia é a quantidade de água dentro do grão no momento da torra. Quando você torra um café, a água interna age de uma forma que ela vai conduzir aquela torra. A gente tem notado que os cafés dessa safra de 24 tão muito difíceis de torrar”, explica Marcelo Gasparoto, consultor em qualidade de café e torrefação.
Mas não é preciso decretar o fim do café. Atualmente, existem pesquisas que buscam desenvolver variedades que são mais resistentes ao clima, além de técnicas de manejo mais sustentáveis ajudarem a resfriar a produção.
Cafezinho em risco: como sombra de árvores pode ser solução para aumento da temperatura
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